terça-feira, 15 de junho de 2004

Entrevista: Ceumar

A RENOVAÇÃO DA BOA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

A mineira de Itanhandu, Ceumar - que está entre as três maiores revelações da música brasileira nos últimos 10 anos (junto com Roberta Sá e Vanessa da Mata) - é o presente que o Zona Sul reservou para seus leitores este mês. Depois de lançar os CDs Dindinha e Sempre Viva!, ela foi uma das convidadas do músico Gereba para participar do disco que está sendo lançado com composições da potiguar Dona Militana.
Foi perambulando por sites de venda de CDs na Internet que ouvi falar em Ceumar pela primeira vez. Eu procurava novidades para incorporar à minha coleção de discos. Deparei-me com Dindinha, produção de Zeca Baleiro, gravado em 1999. Algumas faixas estavam disponíveis para uma pequena audição de 30 segundos. Bastou ouvir a faixa-título, do próprio Zeca, e uma regravação de Galope Rasante, autoria de Zé Ramalho, para tomar a decisão de incorporar a preciosidade à minha lista de compras. Quando recebi a encomenda, tive a certeza de ter feito um excelente negócio. Além das duas músicas já citadas, fiquei impressionado com a delicadeza de Cantiga (Zeca Baleiro), a atualidade de Maldito Costume (Sinhô), a nova roupagem dada a Boi de Haxixe (Zeca Baleiro) e ao tom acústico emprestado a Let it Grow (M. Dunford e B. Thatcher), antigo sucesso do grupo Renaissence. Depois disso, ela esteve em Brasília algumas vezes, sempre com casa lotada e realizando shows imperdíveis. Na última, trazida pelo meu amigo Glauco Barreto (empresário de shows de artistas que gosta), marcamos um sarau do qual ela participou junto com outros ilustres - como o compositor Clodo Ferreira e o guitarrista Marco Nabuco (ex-integrante da banda de Ednardo) - e desconhecidos - grupo do qual faço parte. Daí surgiu a idéia dessa entrevista para o Zona Sul. (robertohomem@gmail.com)

ZONA SUL – Ceumar, soube depois, é nome próprio e tem uma historinha interessante. O que poderia ser a junção do Céu com o Mar, apontando um horizonte de renovação e sucesso dentro da música brasileira, na verdade é a mistura de Clélio e Wilmar, seus pais. Como é isso?
CEUMAR - Na verdade, acabou sendo mesmo a junção do céu com o mar. Mas, a princípio, o que havia era a expectativa do meu pai e de minha mãe de que eu nascesse um menino. Meu pai se chama Clélio, e minha mãe, Wilmar. Eles já tinham duas meninas e, sem ultra-som, sem nada na época, imaginavam que viesse um menino. O nome já estava escolhido: Cleomar. Então, quando nasci, ficou aquela coisa. Um nome escolhido para menino e eu ali, uma moça, uma menina. Então minha mãe - aí sim é que entra a parte poética - teve a idéia de tirar o “l” de Cleomar e trocar a letra “o” pela “u”, para ficar céu. Eles poderiam ter mantido o “l”. A grande diferença, eu acho, foi a sensibilidade da minha mãe em optar pelo “u” ao invés do “l”. Se eu tivesse nascido menino, seria Cleomar. Acho engraçado isso.
ZONA SUL – De onde veio a música? Será que o Ceumar, que tem tudo de nome de estrela, influenciou? Ou no sangue da família já corria essa tendência musical? Como foi esse começo, como tomou gosto pelo som, que influências recebeu? Qual a primeira experiência que marcou nesta área?
CEUMAR - Meu pai era músico. Essa informação pode ser encontrada no meu site oficial (http://www.ceumar.com.br/). Até ele completar 18 anos, tinha um trio e costumava tocar em festas. Seu instrumento era o violão. Aliás, ele foi uma das primeiras pessoas a possuir um violão elétrico lá em Itanhandu, no sul de Minas Gerais. Meu pai também era cantor. Ele canta até hoje, mas naquela época era profissional. Depois que casou foi que resolveu parar. Até hoje só canta em casa. Minha mãe também cantava muito em casa, e ainda canta, e costumava ouvir rádio. Meu vô, por parte da minha mãe, tinha uma pequena orquestra. Ele era regente, tocava tuba e escrevia. Ainda hoje guardo partituras do meu avô, composições que ele fez para a minha avó. Meu vô escrevia a mão. Mais tarde, depois que completei 15 anos, lembro que eu sempre ficava curiosa para ouvir os discos que minhas irmãs levavam para casa. Era a época do Clube da Esquina, de Milton Nascimento, Lô Borges... Elas também ouviam Joyce e Boca Livre. Você já deve estar percebendo na minha família sempre houve essa veia musical. Eu já tocava piano, mas, mais ou menos nessa faixa dos 16, passei a me interessar também pelo violão. E terminei cantando também, depois de um amigo elogiar muito a minha voz.
ZONA SUL – Você nasceu em Itanhandu, que fica a 420 km de Belo Horizonte, nas Terras Altas da Mantiqueira. Que caminhos você percorreu até chegar em São Paulo, cidade na qual reside atualmente? Como foi trocar sua pequena Itanhandu, de aproximadamente 15 mil habitantes e rodeada de cachoeiras, pelo mundo? Sua família apoiou a decisão?
CEUMAR - Apoiou sim. Por eu ser a caçula da casa, acho que tive essa sorte. Minhas duas irmãs já tinham desbravado essa situação. Sou de uma família tradicional do interior de Minas. Minhas duas irmãs já tinham saído de casa, já trabalhavam fora. Isso tornou minha saída mais fácil. Saí de casa para fazer cursinho em Belo Horizonte. Passei no vestibular e cursei um ano e meio de faculdade, no curso de design gráfico. Até hoje gosto dessa área. Eu até uso os conhecimentos que adquiri em algumas das minhas coisas, como na confecção das capas dos meus discos e tal. Fiquei uns três ou quatro anos em Belo Horizonte. Naquela época, a cidade ainda tinha um ambiente de interior. Isso tornou suave a minha transição. As pessoas eram muito amáveis e isso ajudava para que eu me sentisse como se estivesse em casa. Morando em BH, eu sempre ia para Itanhandu nas pausas da faculdade. Ficava um pouco, cantava aqui e ali, participava de festivais de música. Quando saí de Belo Horizonte, morei um ano em Itajubá, que é um pouco maior que Itanhandu e fica ali pertinho, no sul de Minas. Em Itajubá fiz vários amigos, trabalhei bastante e foi muito legal. Nessa época passei a tomar gosto pelos shows. Até então, eu só cantava na noite. A diferença é enorme de você cantar na noite e ter um trabalho próprio, para shows. Comecei a experimentar músicas de amigos. Lembro de um show que fiz em um bar chamado “Trinta Músicas Que Você Não Ouve No Rádio”. Essa idéia foi bem bacana, porque o repertório era composto por músicas quase inéditas. A minha intenção era fazer algo diferente do que se costuma ter na noite. Eu não queria fazer igual a todo mundo, ficar tocando Djavan e coisa e tal. Inventei esse show. Foi legal porque eu e os músicos de Itajubá começamos a nos entrosar a partir daí, a vislumbrar a possibilidade de fazer outras coisas.
ZONA SUL – E de Itajubá, que rumo você tomou?
CEUMAR – Permaneci um ano e meio em Itajubá. De lá, fui para Salvador por causa de um namorado que eu tive. Fiquei oito meses na capital baiana. Fiz várias experiências musicais. Uma delas foi me apresentar em um restaurante português. Até hoje lembro bem desse lugar. A vista do local dava para a Baía de Todos os Santos. Passei várias noites quentes baianas cantando ali... Até aprendi a cantar alguns fados! Tudo era muito bonito, tenho uma boa recordação desse período em Salvador, apesar de ter sido durésimo. Ganhar dinheiro era difícil fazendo MPB. Depois de oito meses, voltei para Itanhandu. Fui me refazer dos amores e tocar a bola pra frente. Acabei chegando em São Paulo em 1995. Comecei a aparecer na cidade para cantar em um bar, com amigos, e acabei ficando. No começo, cantei de tudo: samba, bossa nova... Mas eu também fazia umas coisas tipo vocais com letra. Cantava Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti e muita música de mulheres, como Joyce e Tetê Espíndola. Também rolava jazz e tudo o mais.
ZONA SUL – Vários nomes consagrados da música brasileira impulsionaram suas carreiras através de festivais que entraram para a história da MPB. Esse tipo de evento cultural perdeu um pouco do pique de antigamente. Qual a importância dos festivais na renovação da MPB atualmente? Você defendeu Dindinha em um festival. Como foi?
CEUMAR – No primeiro festival que participei eu tinha uns 16 anos, lá em Itanhandu. Apesar de muito nova, eu tocava violão e cantava. Ganhei o prêmio de melhor intérprete. Mas o festival de Avaré foi o mais destacado. Participei com Dindinha, de Zeca Baleiro. Não ganhamos nada. Mas um dos jurados, que era da rádio Musical FM, de São Paulo, resolveu apostar na música. Como era de praxe, foi gravado um CD com as finalistas do festival, e Dindinha entrou no disco. Então ele pegou essa gravação ao vivo e passou a tocar. Foi a partir da ousadia desse cara que passei a ser conhecida em São Paulo. Não foi por causa dos festivais. Até porque, com exceção de alguns prêmios de melhor intérprete, não ganhei nenhum.
ZONA SUL – Com a substituição dos elepês pelos CDs e com a popularização da informática, gravar discos deixou de ser uma coisa tão complicada. Ao que me consta, mais difícil do que ver o disco pronto é fazê-lo chegar ao público. Como foi gravar “Dindinha” e “Sempre Viva!”. Fale um pouco sobre estes dois CDs e diga como os potiguares poderão comprá-los.
CEUMAR – Para mim dá o mesmo trabalho gravar o CD e divulgá-lo. Mas eu conheço pessoas que montam estúdio em casa. Nesse caso, se faz um disco brincando. Meu amigo Kleber Albuquerque costuma gravar no estúdio e editar muita coisa em casa. Para quem gosta e tem o equipamento, é legal. Eu não tenho essa facilidade. Tem que ser no estúdio mesmo, gastar horas e horas em um processo muito trabalhoso. E para divulgar, eu mesma vou para as emissoras de rádio, faço shows e apresento meu trabalho. Se alguma loja de Natal se interessar em adquirir meus CDs para revenda, basta entrar em contato através da minha página na Internet. (http://www.ceumar.com.br/)
ZONA SUL – Por falar em Internet, como ela contribui para o trabalho de divulgação de um artista? Mais especificamente, qual a importância da rede mundial de computadores para o seu trabalho? Você também utiliza a Internet para manter contato com seus colegas artistas?
CEUMAR – Nossa, eu acho a Internet o máximo! Penso que não saberia mais fazer o meu trabalho sem essa facilidade. É uma ferramenta que me permite estabelecer comunicação com pessoas de todos os lugares. Serve para tudo. Por exemplo: às vezes vou a um site de buscas e digito o meu nome. Vem um montão de coisa que eu nem sei. É uma grande ferramenta. Daqui a pouquinho a gente vai estar fazendo disco virtual. Você coloca a música aqui e um cara lá na China vai poder adquirir o CD, imprimir o encarte... Não terá mais tantas barreiras. Também uso o programa Sound Forge para registrar algumas idéias. Gravo e envio para algum amigo ouvir a nova idéia. É bem legal.
ZONA SUL – Diferente do seu primeiro disco, em Sempre Viva! você mostra sua faceta de compositora em parcerias com Chico César, Tata Fernandes e Alice Ruiz. É uma experiência nova? Além das músicas já gravadas, você tem muitas outras composições? Voltando um pouco à pergunta anterior, as facilidades da informática mudaram sua forma de compor? Você utiliza algum software para compor ou para isso basta o violão?
CEUMAR – Sou tímida para compor. Eu até devo ter feito muitas musicas, mas não dei bola. Às vezes estou brincando e sai uma. Eu canto ela ali, passa o tempo e depois esqueço. Hoje em dia estou levando um pouquinho mais a serio, estou começando a mostrar quando acho que uma idéia é boa. Mas não é algo que eu faça normalmente. Eu prefiro pegar uma música e criar um arranjo, bolar um novo jeito de tocá-la. Mas para compor, uso apenas o violão. Às vezes é ocasional, vem a idéia. Boca da Noite, do CD Sempre Viva!, surgiu a partir de uma letra de Tata Fernandes. Comecei a brincar em cima e de repente saiu. Depois Chico César participou também da parceria.
ZONA SUL – Seu repertório inclui canções de Zeca Baleiro, Chico César, Paulo Tatit, Kleber Albuquerque e Josias Sobrinho, entre outros. Como conheceu essa turma toda? De que maneira você escolhe o seu repertório? No sarau que fizemos no dia 1º de maio no Clube da Imprensa em Brasília, percebi que as músicas de Ednardo lhe agradam bastante. Sua interpretação de Brincando É Que Se Aprende, parceria dele com Dominguinhos, é linda! Planos pra incluir Ednardo nos próximos trabalhos? Aproveitando a deixa: já está pensando em músicas para constar no próximo CD?
CEUMAR - Zeca eu já conhecia há muito tempo, através de sua produtora em Belo Horizonte, Rossana Decelso. Ela divulgava muito e a gente era amiga. Quando cheguei em São Paulo, peguei o telefone dele e me apresentei. Ele também já tinha ouvido falar em mim. Eu cantava nos shows que Rossana fazia interpretando as músicas dele. Tem que amar muito, gostar muito para poder trabalhar por um artista. Mas eu liguei para Zeca e o contato foi fácil. Mais para frente ele me apresentou Josias, que mostrou suas músicas. Eu conhecia apenas Engenho de Flores, sabia quem ele era. Depois de alguns encontros em São Paulo, descobri em Josias Sobrinho um irmão. Somos parecidos até fisicamente! Os cabelos e os olhos dele são parecidos com os meus. Quero muito bem. E as coisas foram vindo. Zé Ramalho foi outra descoberta boa. Mais recentemente conheci Kleber, que é grande amigo hoje. Naturalmente a gente acaba se aproximando. Mas também sempre procuro ficar ligada nas coisas de outros lugares. Na verdade os discos são poucos para tanta música boa que tenho vontade de cantar.
ZONA SUL – Natal está na sua lista de lugares onde pretende se apresentar? Como manter contato para agendar um show seu? Você já conhece a cidade? Já viu e experimentou o céu e o mar de Ponta Negra?
CEUMAR - Acabei recentemente um trabalho com Gereba, em São Paulo, para a fundação de cultura do Rio Grande do Norte. É um disco sobre a obra de Dona Militana. Gereba fez uns arranjos novos e convidou artistas como Mônica Salmaso, Alzira Espíndola e mais outra galera de São Paulo. Quando cheguei no estúdio, ele já tinha preparado as bases. Gravei e ficou lindo! Eu, Mônica e Alzira gravamos um pastoril juntas. Estou bem curiosa para ver o resultado no disco pronto. Quero ir sim cantar em Natal, cidade que dizem ser maravilhosa mas que ainda não conheço.
ZONA SUL – Como é essa experiência de acordar sempre em lugares diferentes quando está viajando para se apresentar? Clodo Ferreira contou outro dia que essa vida de viagens e compromissos transforma o artista em um ser solitário. Ele falou isso depois que opinou sobre a importância de eventos como aquele sarau já citado, no Clube de Imprensa. Clodo comentou da tristeza que é terminar uma apresentação em uma cidade desconhecida e voltar sozinho para o hotel. De não ter por perto pessoas afins com quem conversar. Você compartilha dessa opinião que ele expressou?
CEUMAR – Não, não concordo. Até é estranho sim, mas para quem está nessa loucura de viagens intermináveis. Comigo tem época com mais viagens e outras não. Dia desses viajei pelo interior de São Paulo e passei quatro dias fora. Um em cada cidade. Adorei! Nestes lugares diferentes você conhece pessoas. Como ocorreu em Brasília, naquela reunião. Acho gostoso estar em hotel, é quando realmente posso ter tempo para pegar o violão, escrever e ler fora do ambiente de casa. Quando estou em casa, sempre tem o que fazer. Então estar em um hotel, para mim, até que é bom. Eu gosto, não me sinto só. Agora, quando fui para a Bélgica, me senti um pouco só, talvez porque eu não dominava a língua, não sabia o que pedir para comer. Dá uma certa aflição não conseguir se comunicar. Na China, onde fiquei um mês, foi a mesma coisa. É difícil, complicado. Mas aqui pelo Brasil as viagens têm sido ótimas e tenho conhecido pessoas legais.
ZONA SUL – Comenta-se no meio esportivo que a cada jogador de futebol que o Brasil exporta para o exterior, revela outros tantos. Essa característica de produzir gente de qualidade não é exclusiva do esporte. Na música também, a cada dia, estão surgindo novos excelentes intérpretes e compositores. Quem você destacaria destas novas gerações? O que você costuma ouvir no som de sua casa? E dos novos compositores, quem você apontaria como sucessores dos que já estão no batente há mais tempo?
CEUMAR – Sinceramente, eu destacaria Gero Camilo. Ele é um menino-homem de Fortaleza, que mora em São Paulo. Começou estudando teatro, depois disso já escreveu livro, fez cinema, e agora está também fazendo música. Gero participou de filmes como Carandiru, Cidade de Deus e Bicho de Sete Cabeças. Ele é especial, um criador, um menino de ouro! Faz musica lindas, letras maravilhosas, poesia pura, como antigamente. Ele mais compõe, não tem muita vontade de cantar, eu acho. A primeira faixa do CD Sempre Viva! é uma composição dele: Prenda Minha. Nós fizemos um show juntos em São Paulo. Eu, Gero, Kleber Albuquerque, Rubi e Tata Fernandes. Ouço tanta coisa em casa... Por exemplo, Dona Edith do Prato, ela toca um pratinho com umas faquinhas... É lindo! É de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, e tem 88 anos. Ela participa do disco Araçá Azul, de Caetano Veloso. Toca samba de roda, música de domínio público e agora lançou um primeiro disco pelo selo de Maria Bethânia. São essas coisas que mais ouço, essas expressões ricas vindas do povo. A cantora e rabequeira Renata Rosa, que interpreta cocos, caboclinho, baiões e ciranda é outra que adoro. Também escuto bastante todos os meus amigos.
ZONA SUL – Num dos shows que fez em Brasília, no Feitiço Mineiro, você cantou o hino de sua cidade, Itanhandu. Imediatamente lembrei de um amigo, o cantor e compositor potiguar Babal. Ele sabe de cor e gosta de cantar o hino de Natal. Como funciona na sua carreira esse amor tão bonito pela terrinha? Ainda é seu porto seguro? Também ouvi você falar com saudades dos CDs de novelas de antigamente, que primavam pela qualidade das músicas que incluía. O que falta para Ceumar estrear cantando temas de novelas globais?
CEUMAR – Na verdade, a relação maior é com a minha família do que propriamente com a cidade. É mais com o centro familiar. Itanhandu é o lugar onde está o meu pai, a minha mãe, minha irmã, meu sobrinho, tio... Minha referência é muito familiar. É lógico que também gosto da cidade. Adoro quando vou lá, mas hoje em dia tenho outros refúgios que não estão somente em Itanhandu. Mas gosto mesmo de me embrenhar no mato, de não sentir o asfalto sob os pés. Onde menos luz e movimento tiver, estou indo. Itanhandu já é uma cidade normal. Com certeza é um lugar que vou muito mais por causa de minha família. Sobre eu participar da trilha sonora de uma novela da Globo, só falta o Mariozinho Rocha querer. Mas é difícil. Eu não tenho gravadora, não tenho padrinho, não tenho jabá... Mas se ele quiser, vou achar bom... Aliás, vou achar ótimo!
ZONA SUL – Quando clicamos no link “imprensa” do seu site (http://www.ceumar.com.br/), automaticamente uma janela abre com uma foto sua e a seguinte frase: “Ceumar não aparece nos programas de tevê nem toca nas FMs, mas tem público fiel nas cidades onde faz show”. A que você atribui essa contradição de você ter um público cativo em todos os lugares onde vai e praticamente ser ignorada pela mídia?
CEUMAR – Existe uma certa curiosidade em torno do meu nome, até desmentindo uma tendência de que quanto mais as pessoas aparecem nos lugares são famosas ou reconhecidas. Acho que essa afirmação é um chavão. Na verdade, quanto mais a pessoa é incógnita, maior a curiosidade. Eu sinto assim. Quando eu chego em um lugar, há sempre uma curiosidade enorme em torno de mim, principalmente em torno de minha música e de minha voz. Ficam comparando, querendo encontrar algo parecido. É um barato! É saboroso chegar em um lugar pela primeira vez. Você aparece lá, não tem CD em lugar nenhum para vender, só encontra no show. Fica uma coisa muito mais próxima, mais real. Mas, sobre a questão da mídia, costumo ir a muitos programas da TV fechada. Estive na TV Câmara, em Brasília, e foi ótimo. Até hoje muita gente me fala que viu o programa. Recentemente estive na TV Sesc, do Rio. Também está rolando na TV Assembléia, de São Paulo. Às vezes também dou entrevistas para televisão. As rádios de São Paulo tocam minhas músicas, em Belém tem emissoras que tocam também. Em Belo Horizonte, a mesma coisa. Vários jornalistas e escritores importantes escreveram resenhas favoráveis sobre meu trabalho, como Zuenir Ventura, Luis Fernando Veríssimo e Maurício Krubusly. São caras que prezo e respeito... É muito mais interessante do que estar lá no Faustão, no Gugu...
ZONA SUL – Por fim, que projetos você anda acalentando? Gostaria de deixar um recadinho para os potiguares ou para alguém em especial?
CEUMAR - Como falei há pouco, estive fazendo, em São Paulo, no Sesc Pinheiros, uma temporada-show com os quatro amigos: Gero, Tata, Rubi e Kleber. O show chamava-se Canto de Cozinha. Estamos com vontade de transformar em disco e de levar o espetáculo para outros palcos. Vamos ver o que vai acontecer. São só canções nossas e algumas parcerias. Tudo é muito gostoso. Quem viu, adorou. Parece até um movimento, como houve com o recente Tribalistas. Optamos por um show acústico, com ambientes para até 100 pessoas e foi uma experiência nova, não convencional e ótima. Fazíamos uma roda com as pessoas em volta, muito próximas. Estou querendo levar minha música a todos os lugares onde for possível. Enquanto eu estiver fazendo meu som de forma íntima e pessoal, manufaturado apenas pelo coração, estarei feliz. Quanto ao recadinho, é para Natal. Quero ir aí. Dizem que é lindo e eu preciso conhecer, não é? Estou sabendo que tem um programa do governo chamado Seis e Meia. Quero ir lá!

2 comentários:

  1. Prezado Roberto, cá estou eu de novo (já visitei Terezinha, dps Cátia e agora essa doçura que é Ceumar)!! Mais uma vez, parabéns pelo trabalho heróico de divulgar grandes talentos pouco (ou nada ) conhecidos desse "planeta" chamado Brasil. Registro que Ceumar é minha cantora preferida dessa nova (?)safra e "Dindinha" foi pra mim a descoberta mais prazerosa de 99/2000. Estou aguardando show dela aqui em BH, estarei no gargarejo!
    Abs,
    Ricardo Guima

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  2. Olá, Ricardo! É um prazer vê-lo retornando ao site do Zona Sul. Obrigado. Concordo com tudo o q vc diz sobre Ceumar. Só lamento q os shows dela pelo país escassearão, já que ela casou-se e está morando na Holanda. Mas como a boa filha à casa torna, certamente ela se apresentará aí em BH. Um abraço!

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