quarta-feira, 23 de julho de 2008

ENTREVISTA: LOU GOMES E TAMIRES ALCÂNTARA

O CANTO QUE VEM DE MINAS








Das montanhas de Minas Gerais periodicamente brotam talentos que enriquecem a música brasileira. Daquele solo fértil foram exportados para o mundo artistas como Milton Nascimento, Beto Guedes, Lô Borges, Tadeu Franco e Toninho Horta, entre tantos. Mais recentemente, desaguaram dos rios de Minas para o país Vander Lee, Renato Vilaça, Érika Machado e Nélson Oliveira, este último radicado em Brasília. Infelizmente, não basta apenas talento para ter direito a um lugar ao sol. O Zona Sul, com orgulho, apresenta nesta edição os mais novos sons que ecoam das montanhas mineiras: Lou Gomes e Tamires Alcântara. Eles estão engatinhando ainda, procurando um atalho para concretizar o sonho comum: mostrar sua música a cada vez mais pessoas. Conheça um pouco destes dois novíssimos artistas que um dia poderão ocupar lugar de destaque na cena cultural brasileira.

ENTREVISTA: LOU GOMES
ZONA SUL – Como é o seu nome completo?
LOU – Luis Renato Gomes dos Santos. É um nomezinho grande.

ZONA SUL – Você nasceu em Belo Horizonte?
LOU – É, nasci em Belo Horizonte.

ZONA SUL – Qual a sua idade?
LOU – Tenho 26 anos.

ZONA SUL – Por que Lou Gomes?
LOU – É um apelido carinhoso dos amigos, desde a época da escola. Me chamavam de Lou. O motivo é que, como eu gostava de dançar na sala de aula, me comparavam com Lou Bega, que fez Mambo nº 5. Chegaram a me chamar de Lou Bega. Depois que descobriram o meu sobrenome, Gomes, trocaram por Lou Gomes.

ZONA SUL – O que você recorda da sua infância?
LOU – Minha infância foi bem legal. Cresci morando em favela. Aproveitei muito do meu tempo lendo. Desde a infância passei bastante tempo lendo. Mas também brinquei. Tive várias fases. Em uma delas eu fiquei mais isolado. Em outra eu fui para o Rio de Janeiro, me dedicar ao artesanato.

ZONA SUL – Você morava em qual favela?
LOU – Favela da Braúna, em Ribeirão das Neves.

ZONA SUL – Que tipo de livro você costumava ler?
LOU – Li muita coisa. Comecei com livrinho de bolso, com aquela coleção do agente secreto inglês 007, o James Bond. Depois passei a ler os poetas brasileiros, como Carlos Drumonnd de Andrade e Cecília Meireles. Li alguns romances de escritores ingleses, li também filosofia e psicologia. Passei a gostar muito de psicologia.

ZONA SUL – Não é muito comum uma pessoa, morando em favela, ler tanto assim. Ou estou enganado?
LOU – Não está não. Acho que não é comum mesmo.

ZONA SUL – Como você adquiriu esse gosto pela leitura?
LOU – Minha mãe me incentivou muito contando estórias. Desde a infância. Ela contava desde os Três Anões até Pedro Malasartes.

ZONA SUL – Três anões? (risos)
LOU – (Risos) Três Anões, não. Essa foi demais! Eu ia falar nos três porquinhos e lembrei dos sete anões. Misturei tudo.

ZONA SUL – A história que sua mãe contou pra você estava faltando uma parte...
LOU – Ou então ela matou mais da metade dos anões... (risos)

ZONA SUL – Sua mãe trabalha em que? Ela também gosta de ler?
LOU – É dona-de-casa. Ela lê a Bíblia. É católica. Mas, voltando ao que você perguntou: os pais que contam estórias, apesar de não saberem, ajudam muito as crianças a fantasiar e a descobrir o livro. No meu caso foi assim.

ZONA SUL – Foi nesse período que você disse que passou meio solitário que você descobriu a leitura?
LOU – Não, essa fase foi posterior. Fiquei meio solitário já quando era adolescente. Comecei a ler na pré-adolescência.

ZONA SUL – Como foi sua passagem pelo Rio de Janeiro?
LOU – Eu larguei a escola para viajar. O Rio de Janeiro era atraente demais pra mim. Fui convidado por um amigo com quem eu fazia artesanato. A gente exportava artesanato para outros países. Na verdade, a gente não fazia isso. A gente produzia e passava para um cara no Rio de Janeiro, que tinha os contatos no exterior. O cara com quem eu trabalhei me fez o convite. Foi tão rápido que minha mãe nem teve tempo de assinar no Juizado de Menores a autorização para eu viajar. Eu tinha 14 anos. Esse meu amigo foi quem conseguiu convencer o motorista a me deixar seguir viagem. Eu consegui viajar sentado, como um passageiro comum.

ZONA SUL – O que você quis dizer com “consegui viajar sentado”? Não entendi essa parte.
LOU – Eu só podia viajar de contrabando, já que minha mãe não tinha assinado a autorização. Era para eu ir, no máximo, sentado na escada do ônibus. Como era de menor, não podia viajar sozinho. No dia de viajar, cheguei em minha mãe, dei um beijo nela e disse: “mãe, tou indo para o Rio de Janeiro, amanhã te ligo”. Ela ficou olhando pra mim, deu tchau, e eu fui.

ZONA SUL – Como foi no Rio?
LOU – Foi legal. Conheci muitas pessoas de outros países, experiência que eu até então não tinha tido. Convivi também com pessoas de várias classes sociais. Eu tava até comentando sobre isso hoje. Descobri que, no Rio de Janeiro, na época do Carnaval – eu passei um Carnaval por lá - as pessoas não dormem. Parece que o mundo todo está concentrado ali naquela festa. E o organismo das pessoas não funciona de acordo com o relógio. Você vê japonês andando na rua e comprando coisas de madrugada. Eu fiquei em contato com isso tudo. Com travestis, americanos, cocaína...

ZONA SUL – Ronaldo não estava com esses travestis não?
LOU – Não (risos). Eu nem lembro onde Ronaldo estava nessa época.

ZONA SUL – Onde você vendia o seu artesanato, nessa estada no Rio?
LOU – No calçadão de Copacabana. Montamos uma barraca no calçadão. Reinaldo tinha um espaço. Reinaldo é o artesão que me levou até o Rio. Nossa intenção era mesmo a de dormir na rua, para economizar o máximo de dinheiro e para aproveitar também. A gente dormia na própria barraca. Como o movimento da venda de artesanato era 24 horas por dia, a gente alternava: eu dormia um pouquinho, enquanto ele vendia. Depois a gente revezava. Foi assim durante todo o Carnaval. Depois eu voltei. Tinha chegado lá no Ano Novo.

ZONA SUL – Na volta para BH você continuou trabalhando com artesanato?
LOU – Sim. Hoje ainda faço de vez em quando, mas a produção maior é para presente. Faço bem menos profissionalmente.

ZONA SUL – Como a música surgiu na sua vida?
LOU – Desde quando eu estava no útero de minha mãe, eu acho. Tenho muitas historinhas pequenas para contar com relação a música. Por exemplo: quando criança eu construí uma vitrola. Fiz uma vitrola de brinquedo. Ela era feita de madeira, com pregos. Fiz até o braço. Eu tinha ganhado uns discos velhos, uns elepês que a vizinha ia jogar fora. Colocava aquele braço com o preguinho em cima do disco e rodava. Teve uma época - não sei se foi com prego mesmo ou se com outro ferro - que eu consegui ouvir alguma coisa. Fiquei curioso para descobrir o som ali. Eu já ouvia música naturalmente, mas não tinha nenhum aparelho em casa. Só no meu aniversário, acho que de nove anos, eu ganhei um gravadorzinho.

ZONA SUL – Quais músicas você costumava ouvir nessa época?
LOU – A minha mãe colocava muito pra tocar Elvis Presley. Eu já achei discos perdidos, coisas que eu vim a redescobrir mais tarde, e comentei comigo mesmo: pôxa, isso tinha que ter entrado na minha vida naquela época mesmo, e é bom mesmo. Abba, Nat King Cole também faziam parte do repertório. Também ouvi muito Roberto Carlos.

ZONA SUL – Na época em que Roberto Carlos era bom...
LOU – É. Na época em que Roberto cantava mesmo. Agora, não sei.

ZONA SUL – Por ouvir tanta música boa foi que você sentiu necessidade de aprender a tocar um instrumento?
LOU – Na escola, eu só cantava. As pessoas gostavam. A professora de Ciências, por exemplo, costumava reservar dez minutos de sua aula para eu cantar. Nos eventos, como feira cultural, me convidavam pra cantar. Aí fiz uma parceria com um amigo. Ele tocava violão e eu cantava. A gente se apresentava na favela, aos finais de semana. Em churrascos também. Eu gostava. Olhava pro violão e ficava pensando como minha voz se encaixava tão bem com o som daquele instrumento. E olha que eu nem sabia tocá-lo! Apesar disso, havia uma comunicação minha com o violão. Então senti curiosidade de pegar no violão e tentar aprender alguma coisa. Pedi o violão do meu amigo emprestado e aprendi sozinho, usando aqueles desenhos de cifras nas revistinhas de música. Eu olhava lá: dedo número um, dois, três... Onde tinha pestana... Ouvindo eu fazia o ritmo. Aprendi assim.

ZONA SUL – Quando você aprendeu a tocar, imediatamente pensou que a música poderia ser um meio de vida? Pensou em seguir esse caminho?
LOU – Não.

ZONA SUL – Mas hoje você já pensa que a música pode ser sua forma de sobrevivência?
LOU – Hoje sim. Eu creio que a gente tem que fazer aquilo que mais gosta e lutar para isso se tornar o seu trabalho. Vivendo da música, eu poderei me aperfeiçoar mais. No meu caso, por exemplo, moro só. Tenho aluguel pra pagar. Isso exige dinheiro. Quando as coisas melhorarem, quero fazer um curso para aperfeiçoar minha técnica. Também pretendo tocar em outros lugares, levar minha música para outras pessoas. Para isso preciso de um meio de subsistência.

ZONA SUL – Você sobrevive hoje do que?
LOU – Da música, do artesanato e de alguns bicos que eu faço por fora... Estou fazendo um pouquinho de cada coisa.

ZONA SUL – Você já tocou em barzinhos?
LOU – Já toquei em alguns bares no centro de Belo Horizonte. Também me apresentei em escolas e eventos culturais. Toquei ainda em Florestal, uma cidade próxima a Belo Horizonte.

ZONA SUL – Qual repertório você apresenta em seus shows?
LOU – Toco as coisas que eu gosto. Por exemplo, toco um pouquinho de tudo que é bom na MPB: Milton Nascimento, Zé Ramalho, Zeca Baleiro, Wander Lee e toco umas baladas antigas, tipo flash back, aos finais de noite. As pessoas gostam e eu também: Elton John, James Taylor, Beatles, Rolling Stones...

ZONA SUL – Você também é compositor. Como surgiu essa vontade de também compor?
LOU – Faço música e letra. Nem sei como comecei. Quando descobri a poesia, senti que ela tinha certa musicalidade. Eu via ritmo e música claramente em alguns poemas, mesmo eles não sendo cantados. Comecei a escrever algumas coisas com rima. Como eu estava aprendendo violão na mesma época, mesmo inconscientemente comecei a colocar música nesses primeiros escritos. Meus amigos foram gostando dessas brincadeiras. Depois musiquei uma historinha das notas musicais. Eu solava e cantava aquilo. As crianças gostavam. Foi assim, com o incentivo das pessoas, que fui compondo. Eu já fazia o poema pensando em música.

ZONA SUL – Qual a temática das suas composições?
LOU – Não tem. Não dá pra definir. Tem de tudo um pouco. Ouvi alguém falando na televisão ou no rádio que o Brasil é o centro do mundo no sentido de que ele incorporou um pouco de toda a cultura do mundo. Aqui no Brasil você chega e encontra o mundo. Acho que na música é assim também. E eu acho que sou assim também. Eu procuro falar de tudo. É meu jeito.

ZONA SUL – Você apresenta suas composições nos shows que faz?
LOU – Fiz alguns shows mais específicos onde minha música foi a atração principal. Mas coisa destinada aos amigos, que já conheciam minhas composições e queriam dar uma força. Isso em festas e luais. De vez em quando - tocando como convidado em algum lugar, ou quando dou uma palinha em restaurantes - alguém pede e mostro músicas minhas.

ZONA SUL – Agora você está participando de um festival de favelas? Como é isso?
LOU – Estou participando do Projeto Voz do Morro, uma promoção do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas). O objetivo é descobrir e divulgar os talentos musicais das vilas, favelas e aglomerados da capital e Grande Belo Horizonte e de municípios com população acima de 100 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano abaixo de 0,65. O Servas é um órgão do governo de Minas. O Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão (Sert) e vários músicos do estado também estão dando uma força.

ZONA SUL – Como funciona?
LOU – Os interessados em participar encaminharam um CD com três composições próprias, no máximo. Esse material está sendo analisado e, ao final, dez artistas serão escolhidos. Além de gravar um CD, eles terão seus trabalhos divulgados nas emissoras. Também serão feitos clipes. Estou aguardando ansioso o resultado. As pessoas estão torcendo muito por mim.

ZONA SUL – Por que em Minas nascem tantos bons músicos?
LOU – Não sei. Mas coincidência não existe. Mineiro é poeta.

ZONA SUL – Quais seus planos pro futuro?
LOU – Não tenho plano nenhum. Estou deixando a vida me levar. Acho que o principal é não parar de tocar. Tenho muito a aprender ainda. Vou devagar trilhando meu caminho. Não quero abraçar o mundo, mas também não quero ficar à margem dos acontecimentos.

ZONA SUL – Mande um recado pro leitor do Zona Sul.
LOU – Natal... Nossa, essa cidade está lá em cima, no mapa. Que vontade de conhecer Natal... Se alguém quiser me levar praí, mande um email: housemix2@yahoo.com.br Ou então telefone: (31) 9338-2796. Pode convidar, que eu vou.



ENTREVISTA: TAMIRES ALCÂNTARA

ZONA SUL – Seus pais fazem o que?
TAMIRES – Minha mãe trabalha com logística. Meu pai, eu não sei.
ZONA SUL – O que significa trabalhar com logística?
TAMIRES – É o serviço dela. Trabalha na Lacta. Hoje está contratada por uma prestadora de serviços, a Prestar.
ZONA SUL – Por que você não sabe o que o seu pai faz?
TAMIRES – Ele separou da minha mãe quando ela engravidou de mim. Ele me ligava, mas tem muito tempo que não me procura mais. Foi até bom você lembrar isso. Faz uns cinco anos que não liga pra mim. Mas não faz diferença.
ZONA SUL – Sua mãe trabalhando na Lacta significa dizer que na sua infância não faltou chocolate...
TAMIRES – Nunca. Mas agora ela trabalha lá temporária. Ela já trabalhou fixo muitos anos.
ZONA SUL – Como foi sua infância?
TAMIRES – Meu nome completo é Tamires Neves de Alcântara. Nasci em Belo Horizonte, há 20 anos. Minha infância foi ótima, eu tive tudo o que queria ter. Foi em Belo Horizonte. Eu freqüentava a escola, brincava muito de amarelinha, queimada...
ZONA SUL – Quer dizer que suas brincadeiras ainda foram as de antigamente. Ainda não foi esse negócio de computador, jogo eletrônico...
TAMIRES – É. Esse negócio de computador e vídeo game pra mim não existia. Nem havia condição financeira pra isso.
ZONA SUL – Como a música entrou na sua vida?
TAMIRES – Eu estava assistindo a um programa de televisão e de repente comecei a cantar junto com a menina que estava se apresentando.
ZONA SUL – Qual era o programa?
TAMIRES – Gente Inocente. Passava na Globo. Quem apresentava era o Márcio Garcia. Algumas crianças, depois, participaram do programa apresentando também. Mas, depois disso, eu comecei a cantar. A música que eu cantei junto com a cantora que se apresentava no Gente Inocente foi Aquarela do Brasil. Quando eu cantei, minha tia ouviu e falou que eu tinha a voz boa. Foi assim que eu descobri que cantava.
ZONA SUL – O que você costumava ouvir antes desse episódio?
TAMIRES – Nessa época eu gostava muito de Sandy e Júnior e de KLB. Mas eu sempre gostei de música mais antiga, como a própria Aquarela do Brasil. Minha mãe ouvia esse tipo de música e eu gostava. Aprendi a gostar com ela. Minha mãe também sonhava em ser cantora.
ZONA SUL – Sua família tem algum músico?
TAMIRES – Tem. Meu pai. Ele toca e canta, mas não profissionalmente. Só eu, agora, estou tentando levar a música como profissão.
ZONA SUL – Você estudou música?
TAMIRES – Eu estudava em uma escola particular que fez parceria com uma escola de música. Meu colégio se chamava Alternativa. Fizeram parceria com a Tocar. Teve tipo um concurso na minha escola. A melhor voz ganhava uma bolsa integral, o segundo lugar, meia bolsa, e o terceiro, trinta por cento de desconto na mensalidade. Fui primeiro lugar e comecei a fazer aula de canto. Ganhei um ano de bolsa, mas só pude usufruir seis meses, porque minha mãe não teve mais condições de pagar a mensalidade da escola Alternativa. Uma das exigências da escola de música para eu ter a bolsa era estar matriculada na Alternativa. Perdi a bolsa, mas os seis meses foram muito importantes pra mim.
ZONA SUL – O que você aprendeu nessa escola de música?
TAMIRES – Muita coisa. Muitas técnicas e exercícios vocais, por exemplo. Eu recomendo a quem acha que tem algum talento vocal a ingressar em uma escola de música. A gente aprende mesmo muita coisa.
ZONA SUL – Você também procurou aprender a tocar algum instrumento musical?
TAMIRES – A minha irmã tocava violão, toca, melhor dizendo. Eu ficava vendo e com vontade de aprender. Um dia pedi pra ele me ensinar uma música. Ela deu as dicas e fiquei um dia inteiro tentando aprender só essa música. Consegui. A música era Lenha, de Zeca Baleiro. Aprendi a tocar ela. Depois recorri a revistinhas e fui aprendendo sozinha. Mas não sei nada de técnica de violão.
ZONA SUL – Mas você consegue tocar violão...
TAMIRES – Domino razoavelmente o instrumento.
ZONA SUL – Suas preferências musicais continuam sendo KLB e Sandy e Júnior?
TAMIRES – Não. Não são essas mais. Eu acho que foi mesmo fase da minha vida. Admiro, mas não é o que gosto. Não renego o passado. Eu gosto agora de Ana Carolina. É o meu forte. Gosto também de Zélia Duncan, de Marina Lima... Gosto mais desse tipo de música. De Adriana Calcanhoto, Ivete Sangalo...
ZONA SUL – Você também compõe?
TAMIRES – Tenho algumas músicas, mas fica tudo no caderno.
ZONA SUL – Como surgiu a sua veia de compositora?
TAMIRES – Foi dor de cotovelo. (risos)
ZONA SUL – Foi mesmo?
TAMIRES – Foi. Eu me apaixonei, quebrei a cara. O pior é que quando fui mostrar a música pra ele, o cara virou e falou assim: “nossa, que dor de cotovelo é essa?”. Mas ele não sabia que a música era em sua homenagem.
ZONA SUL – Você não disse?
TAMIRES – Não, de forma alguma.
ZONA SUL – Você chegou a ter um relacionamento com essa pessoa ou foi apenas amor platônico?
TAMIRES – Sim, namoramos um tempo. Eu fiz a música quando ainda estávamos juntos. Mas eu estava percebendo que a relação estava acabando. Foi quando eu escrevi a canção.
ZONA SUL – Você já cantou essa música em alguma apresentação que fez?
TAMIRES – Em show não. Mostrei apenas a algumas amigas. Eu nunca toquei minhas músicas em shows. Eu tenho que registrá-las primeiro.
ZONA SUL – Como são seus shows?
TAMIRES – Faço apresentações de voz e violão em barzinhos. Recentemente fiz uma temporada no Bar do Freguês, que inclusive fica perto da minha casa. Outro bar excelente onde eu já fiz alguns shows é o Celeiro. Já me apresentei em algumas cidades com banda.
ZONA SUL – Já que você não canta suas músicas em shows, que repertório, então, apresenta?
TAMIRES – Com a banda é mais axé. Mas quando estou sozinha, fazendo voz e violão, é mais MPB. Quando pedem algo mais animado, toco um axé, um sertanejo, um forrozinho. Toco um pouquinho de tudo, procuro agradar todo mundo.
ZONA SUL – O próximo passo que você pretende dar na sua carreira é participar do programa Ídolos...
TAMIRES – Isso. Foi o seguinte: ano passado tentei me inscrever para a classificatória do programa Ídolos, do SBT. Só que, quando fui fazer a inscrição, não tinha mais vaga para Belo Horizonte. Consegui colocar meu nome para a disputa em Salvador. No dia da viagem, minha mãe não me deixou ir. Tudo bem, relevei aquilo. Ano passado, porém, houve o Show de Talentos de Juiz de Fora. Eu participei e cheguei à final.
ZONA SUL – Quem promoveu esse Show de Talentos?
TAMIRES – A TV Alterosa, que retransmite a programação do SBT. Depois desse Show de Talentos, quando senti que meu trabalho havia sido reconhecido, percebi que a música era o meu caminho. Esperei a inscrição do Ídolos, acompanhando a programação do SBT. Minha irmã foi quem me avisou que a Record tinha comprado os direitos para a transmissão do programa. Quando a inscrição abriu, eu fiz para a disputa em São Paulo.
ZONA SUL – Por que você não se inscreveu para a disputa em Belo Horizonte?
TAMIRES – Porque não vai ter para Belo Horizonte. Optei por São Paulo porque tenho um conhecido lá, e vou ficar hospedada na casa dele.
ZONA SUL – Sua ida para São Paulo já está garantida?
TAMIRES – Estou em busca de patrocínio. Um dos locais onde pretendo ir é na faculdade onde o meu namorado trabalha, a Faculdade Ciências da Vida, que fica em Sete Lagoas.
ZONA SUL – Paralelo a esse seu desejo de ingressar na música, que outras atividades você vem desenvolvendo?
TAMIRES – De vez em quando eu trabalho em eventos. Também gosto de atuar com vendas. Trabalhei, por exemplo, nas bienais do Rio de Janeiro e aqui na de Belo Horizonte.
ZONA SUL – Você continua estudando?
TAMIRES – Não, concluí o segundo grau, não tentei o vestibular e estou à toa em casa.
ZONA SUL – Se um dia você decidir prestar vestibular será para qual curso?
TAMIRES – Ah, eu tenho dúvida. Terapia Ocupacional seria uma opção, Fonoaudiologia seria outra.
ZONA SUL – A Música não está nessa relação por quê?
TAMIRES – Tenho vontade de ter uma carreira nessa área, mas não de fazer faculdade de Música. Fonoaudiologia tem muito a ver com música.
ZONA SUL – Mas Música tem mais a ver ainda com Música do que Fonoaudiologia.
TAMIRES – Eu acho os instrumentos lindos, mas eu não tenho vontade de me aprofundar tanto assim. Tenho vontade de tocar meu violão perfeito, mas não de aprender outro instrumento.
ZONA SUL – O seu currículo musical inclui mais o que?
TAMIRES – Eu até tinha esquecido de falar, mas eu participei do Valores de Minas, aqui em Belo Horizonte, fiz aula de música lá também.
ZONA SUL – O que é o Valores de Minas?
TAMIRES – É um programa do governo Aécio Neves que tem como objetivo promover atividades artísticas e estimular o talento de jovens que não tem condições de ter acesso à arte. Lá tem oficinas de artes plásticas, circo, dança, teatro, música, aulas de literatura, história da arte, cidadania, ética...
ZONA SUL – Você fez apenas música?
TAMIRES – No início a gente faz tudo. Têm as disciplinas distribuídas por horário, igual a escola. Depois você faz um teste para se aperfeiçoar em alguma das áreas oferecidas. Se passar na prova, a pessoa fica, se não, está fora. Eu fui aprovada para música, para percussão. Eu tocava tambor. É bem bacana, eu gosto. Instrumento de percussão eu tenho vontade de aperfeiçoar.
ZONA SUL – Já explorou esse seu talento de percussionista em alguma apresentação?
TAMIRES – Não.
ZONA SUL – Você já manteve contato com algum desses, que são tantos, mineiros de talento que fazem sucesso no cenário da música nacional?
TAMIRES – Tenho muitos amigos talentosos nessa área. Porém, todos estão ainda como eu, procurando um lugar ao sol na MPB. Gente de muito talento, mas que ainda não extrapolou ainda as fronteiras de Minas. Alguns deles teriam sucesso garantido, se corressem atrás.
ZONA SUL – Quais as principais dificuldades que um artista jovem de talento enfrenta para fazer sucesso na música?
TAMIRES – O maior problema é o financeiro mesmo. É a falta de dinheiro para investir na carreira. Apoio moral até tenho demais. (risos). Muita gente chega pra mim e diz: “eu vou patrocinar você, vou ser seu produtor”. Outra chega e fala: “vou ser sua empresária”. Mas o povo só fala, fala, e eu não vejo nada acontecer. Eu pego o telefone, ligo, corro atrás, mas, e aí?
ZONA SUL – Você se espelha em alguém, musicalmente falando?
TAMIRES – As pessoas que conheço falam que eu lembro muito aquelas cantoras que eu citei: Ana Carolina, Cássia Eller, Ivete Sangalo... Essas três são as que as pessoas falam que lembram quando me escutam. Não que eu queira parecer com elas, porque eu sou eu. Não quero ser igual a ninguém. Eu tenho meu estilo, elas têm o delas.
ZONA SUL – Suas composições seguem qual linha? MPB, sertanejo ou axé?
TAMIRES – É um romântico mais puxado para a MPB. Eu componho letra e melodia.
ZONA SUL – Se alguém tiver interesse em entrar em contato com você, como deve proceder?
TAMIRES – Podem acessar o meu email, tatabh88@hotmail.com ou então ligar no meu telefone (31) 9229-8427.
ZONA SUL – Como você se imagina daqui a dez anos? O que você espera que tenha acontecido na sua vida até lá?
TAMIRES – Eu imagino ter realizado tudo o que sempre sonhei: ter dado uma vida melhor para a minha família, ter uma condição melhor, estar linda e com sucesso, ser reconhecida. Tudo isso conquistado através da música.
ZONA SUL – Você usa a internet para divulgar o seu trabalho ou para manter contato com as pessoas?
TAMIRES – Não. Eu não tinha muito acesso a internet, ultimamente que estou acessando mais. Nem deu tempo para parar e pensar em uma estratégia de usar esse canal para divulgar as coisas que faço. Mas considero a internet um meio fantástico para esse tipo de coisa, com certeza.
ZONA SUL – Mande um recado para o leitor do Zona Sul.
TAMIRES - Quero pedir o apoio de vocês. Se tudo acontecer como estou planejando, vou participar desse reality show, o Ídolos, e quero contar com o apoio de todos. Acredito que estarei na final e conto com o voto do povo potiguar.
ZONA SUL – Você conhece Natal?
TAMIRES – Não, mas tenho muita vontade de conhecer. Já ouvi falar muito, sei que é uma cidade linda. Deve ser um lugar maravilhoso. Até o nome, Natal, sugere que é uma cidade especial. Um dia certamente conhecerei essa terra linda. Quero conhecer novas praias, e espero que seja as de Natal.

2 comentários:

  1. Adorei esta entrevista com Tamires, ela manda muito bem!!!!
    Gaby kfc

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  2. Gaby, Tamires tem muito talento e espero que um dia muitas pessoas possam conhecê-la e admirá-la como vc. Um abraço.

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