segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Entrevista: HALISSON CRYSTIAN

A CANÇÃO DOS POETAS AMAZÔNICOS



Era uma tarde tumultuada no Congresso Nacional quando Halisson Crystian Tupinambá Pimentel, nascido em Boa Vista, Roraima, no dia 28 de maio de 1977, apareceu na Agência Senado tentando cavar um espaço para divulgar seu mais novo CD. Triste depois de ouvir a explicação de que aquele órgão de comunicação só produzia matérias institucionais, uma ponta de esperança brilhou no seu semblante quando propus a ele a oportunidade de se dirigir para o povo potiguar. Marcamos para o dia seguinte. A conversa durou pouco mais de meia hora. Logo em seguida, uma sessão de fotos tendo como cenário o Palácio do Planalto. (Roberto Homem)


ZONA SUL – Seus pais ou outros parentes têm alguma ligação com a música?
HALISSON – A maior referência que eu tenho na música e na vida é o meu pai, além, claro, da minha mãe, que é uma figura muito sensível à arte e à vida de uma forma geral. Meu pai é compositor e tem três discos gravados. Ele é da época do long play (LP). Recentemente ele fez um resgate dos trabalhos em vinil e apresentou em CD. Ailton Cruz Pimentel, que é como ele se chama, só não chegou mais longe na música em virtude de ter dedicado a vida a criar a nós, os seus filhos. Eu, como ainda não tenho filhos – tenho família, tenho uma esposa chamada Jennifer – tenho dedicado minha vida integralmente à música. É basicamente dela que eu vivo. Meu pai hoje trabalha no sistema público, em Roraima. Ele prestou concurso, passou e está por lá, bitolado no sistema - vamos dizer assim. Eu me recuso a mudar minha mentalidade de artista para me enquadrar com a vida de funcionário público.

ZONA SUL – Você se envolveu com a música desde cedo? Como foi esse começo?
HALISSON – Nas festinhas de família sempre tem aquele animador que escala as crianças: “quem quer cantar?”. Eu sempre era o primeiro a me candidatar. Profissionalmente falando, já completei 15 anos de carreira. Comecei em 1991, no VI FEMUR (Festival de Música de Roraima), interpretando a música Vazio, uma composição do meu pai. Esse foi o pontapé inicial. Nessa primeira experiência já tive oportunidade de entrar para a memória cultural do estado, com 13 anos. Tenho outra história em festivais. Em 1995, com 18 anos, participei do VIII FEMUR, interpretando a música Bem querer, uma parceria minha com Netinho Solimões, um amigo amazonense de Coari.

ZONA SUL – Qual seu resultado mais expressivo nestas participações em festivais?
HALISSON – No primeiro festival, classifiquei a música que defendi entre as dez melhores. Não fiquei entre os três, mas cheguei à final e tive direito - junto com os demais nove artistas que disputaram o primeiro lugar comigo - a gravar um disco, ainda na época do vinil. Mesmo não ficando entre as três primeiras, a canção Vazio se tornou a mais tocada do disco. É uma prova de que a ordem de classificação em um festival não influencia tanto no gosto popular. Na verdade, quem resolve é o povo. No segundo festival do qual participei – foram dois, ao todo – me classifiquei em segundo lugar e ainda ganhei o prêmio de melhor intérprete. O meu pai tirou o primeiro lugar. Foi uma dobradinha. Há até quem pergunte quanto foi que demos para os jurados (rindo). Mas, lógico que não foi isso. Foi mérito puro nosso, graças a Deus. Além do primeiro lugar, meu pai também ganhou na categoria melhor temática regional.

ZONA SUL – Como você definiria o seu trabalho?
HALISSON – Me apresento como um intérprete do romantismo dos poetas da Amazônia. Meu trabalho é regional, apesar de não ser regionalista. Existe uma grande diferença entre um e outro. Meu trabalho é regional por ter sido gravado na região, e também por nele eu interpretar poetas e compositores do Pará, Amapá, Amazonas e Roraima. Até então, meus dois CDs se restringem a gravações de artistas desses estados. Apesar de conhecer excelentes compositores de outros estados, não tive ainda oportunidade de gravá-los. Não tive intimidade com suas obras para ver despertado em mim o interesse em incluí-los no meu repertório. Avalio meu trabalho como de extrema importância, porque associo o dom que Deus me deu com o dom de outros artistas, principalmente dos poetas cujos trabalhos registro em discos. Mamãe gostava de repetir a frase: “meu filho, junte-se aos bons que serás um deles”. Acredito nisso. Costumo dizer que a fórmula para um determinado sucesso é ter uma boa letra, uma boa melodia e um bom intérprete. A forma que posso contribuir é com a interpretação.

ZONA SUL – Mas você também compõe...
HALISSON – Sou tímido na composição. Eu escrevo, porém, o meu critério ao longo desses anos todos, o meu critério de qualidade, tem sido de interpretar os poetas. Foi tocando muito na noite, convivendo com muitas pessoas que têm a propriedade da palavra, que cheguei à conclusão de que não posso ficar fazendo experiência com esse tipo de trabalho. Por isso deixo um pouco de lado as minhas próprias letras para me dedicar às músicas dos verdadeiros poetas. Além do mais, é muito caro registrar um CD para quem é independente ou alternativo e não tem um apoio efetivo. Você acaba não podendo se permitir fazer experiências. Procuro ser coerente na minha proposta. Interpretar os poetas é um critério que dá grande qualidade ao meu trabalho.

ZONA SUL – Quais os CDs que você já gravou e que repercussão eles tiveram?
HALISSON - O meu primeiro disco foi o CD Cara, lançado em 1998. O segundo foi A flor e o beija-flor. Eles ainda fazem sucesso lá no meu estado. Agora, nessa vinda para Brasília, trouxe apenas o meu primeiro trabalho. Não trouxe o segundo porque ele esgotou. Passei dois anos produzindo esse último CD. Ele foi gravado em Macapá (AP). Alguns meses antes de viajar, recebi muitos pedidos para reeditar o primeiro disco. O segundo ainda estava sendo vendido, mas acabou em sete meses. Vendo-me na situação e necessidade de sair do meu estado para buscar novos horizontes, e até mesmo me fazer conhecer, resolvi não esperar uma reedição do segundo disco e viajei apenas com o primeiro. A gente passa uma vida inteira buscando uma melhor condição de sair em busca de outros mercados e acaba passando muito tempo, sem conseguir o objetivo. Então resolvi ser radical, sair logo agora, para não perder a oportunidade. Não podia mais esperar. Era uma questão pessoal, coisa de coração, de acreditar em dias melhores. No meu estado já sou referência, já tenho um público que me permite, de repente, sair e até mesmo sonhar com a pretensão de fazer sucesso nacional. A expectativa gerada pela sociedade roraimense é a de que eu tenho essa condição de fazer sucesso nacionalmente. Esta é a base fundamental que eu tive para poder sair.
ZONA SUL – Sua discografia inclui mais algum trabalho?
HALISSON – Além dos CDs solo, têm a participação nos discos gravados a partir dos festivais. O primeiro CD foi gravado em Belém, produzido pelo maestro Manoel Cordeiro, que é muito conceituado no mercado. Ele é produtor da banda Calypso, e também é parceiro de Nilson Chaves e de outros grandes artistas da região. A partir da gravação deste primeiro CD pude me relacionar com outros artistas. Conheci grandes nomes da região. O mesmo ocorreu quando gravei meu segundo disco, no Amapá. Ele também foi produzido pelo maestro Manoel Cordeiro. Aliás, só fui ao Amapá porque o maestro estava por lá. Foi uma oportunidade ímpar e maravilhosa, rica e feliz, porque tive a chance de conviver mais com artistas sobre os quais eu já tinha ouvido falar. Uns eu até já conhecia, de uma outra ida minha à capital de Macapá, quando estive para uma visita. Então, praticamente 70% das composições do meu segundo CD têm poetas do Amapá como autores. São artistas importantes como Osmar Júnior, que é o poetinha da Amazônia, o Zé Miguel, o Joãozinho Gomes, o Val Milhomem... São grandes referências da região Amazônica. Outros ícones são Nilson Chaves, do Pará - sobre quem já falei - Célio Cruz, de Manaus, e Eliakim Rufino, de Roraima. Então, tive oportunidade de me relacionar com essas figuras, que são pensadores e pessoas que amam a região. Por isso, faço questão de repetir sempre: eu vim da Amazônia. A Amazônia é uma das três palavras mais conhecidas no mundo. Em se tratando de marketing, primeiro vem Jesus Cristo, segundo Coca-Cola e depois Amazônia. Penso que esse é um discurso que vai vender bem.

ZONA SUL – Quantas cópias você tirou do primeiro e do segundo disco?
HALISSON – Em seis anos, o primeiro CD está na quinta tiragem, cada uma de mil cópias. As duas mil cópias do segundo CD esgotaram em sete meses. Talvez o bom resultado nas vendas do segundo disco deva-se em parte pela boa aceitação que teve o primeiro. Lógico que influenciou também o histórico que eu já tenho, pelo desenrolar do meu trabalho, da minha carreira artística lá em Roraima.

ZONA SUL – Qual sua formação musical? Que instrumento você toca?
HALISSON – Apesar de tocar violão, sou um músico autodidata. Presenciei meu pai tocando em casa, aprendi observando. Não estudei propriamente, porém, busco sempre me informar e observar outros músicos. Sempre alguém tem a contribuir com o meu trabalho. Sou um cara antenado para aprender. Sempre buscando ter essa condição de nunca saber demais. A gente nunca sabe tudo, sempre tem algo a mais para aprender. Tive necessidade, depois desse histórico de festivais, quando fui tocar na noite, de aprender a tocar um instrumento. Pelo menos me acompanho relativamente bem. Mas lógico que é diferente da condição daquele músico que acompanha o artista que chega para cantar.

ZONA SUL – A vontade de ingressar na música você disse que adquiriu do seu pai. Além dele, que outras influências musicais você recebeu?
HALISSON – A principal foi meu pai mesmo. Ele foi, sem dúvida, a maior referência. Porém, ao longo desse processo, até mesmo quando criança, minha casa já era freqüentada por pensadores, músicos, compositores e poetas. Durante a carreira, desde aquele primeiro festival, também fui me relacionando com esses amigos. Foi natural a relação que fui estabelecendo na vida com estes pensadores, poetas e formadores de opinião do meu estado. Fui me acostumando com a música de boa qualidade. Essa formação foi fundamental até mesmo quando fui montar o repertório para tocar na noite. Aprendi a identificar o que uma música de boa qualidade, o que é uma boa letra... Isso tudo contribui com o meu trabalho até hoje.

ZONA SUL – Que artistas você costuma escutar?
HALISSON – Em se tratando de Brasil, gosto muito de Flávio Venturini, Beto Guedes... Gosto também das mulheres como Marisa Monte, Adriana Calcanhoto... Até porque o meu timbre de voz permite que eu interprete essas figuras. Gosto dessas vozes pequenas, porém grandiosas. Identifico-me muito com esse tipo de trabalho, estilo Milton Nascimento. Gosto de João Bosco também, toco Djavan... Minha influência veio da noite. Esses nomes contribuíram não só para a minha formação musical, mas para a de cantores de todo o país. Todo o músico que se preza tem que ouvir a música popular brasileira. Mas também tenho grandes referências da minha região, como Nilson Chaves, Célio Cruz... Nilson Chaves é a maior referência que temos da música amazônica, depois de Fafá de Belém, que conquistou notoriedade nacional.

ZONA SUL – O que vale a pena ouvir da música de Roraima, com exceção do seu trabalho?
HALISSON – De Roraima eu destacaria os amigos Neuber Uchôa, Zeca Preto e Eliakim Rufino. Este último é a maior referência da poesia no nosso estado. Também não posso deixar de citar outros grandes artistas como Joemir Guimarães, George Farias, Serginho Barros e meu pai, Ailton Cruz.

ZONA SUL – Como alguém em outra parte do país, especialmente em Natal – que é onde circula a versão impressa desse jornal – pode ter acesso ao trabalho dos compositores de Roraima? Existe algum canal, na Internet, por exemplo?
HALISSON – Eu desconheço, não tenho como informar. Até porque os trabalhos desses artistas ficam restritos a tiragens tímidas, por volta de mil cópias. O problema é que no meu estado o apoio à cultura não é muito efetivo. Em todo o país a cultura é o setor que menos recebe recursos. Em Roraima, praticamente não se investe nada. Esse foi um dos motivos que me levaram a vir para o centro do Brasil.

ZONA SUL – E para ter acesso ao seu trabalho?
HALISSON – No momento estou na condição de artista alternativo e independente. Minha divulgação restringe-se à política corpo-a-corpo. Estou buscando ver se consigo despertar o interesse de alguma distribuidora para que eu possa me preocupar única e exclusivamente em divulgar o meu trabalho, em parceria com essa distribuidora. Mas tenho telefone de contato (0xx-95-9117-7575), tenho e-mail (halissoncrystian@hotmail.com). Quem tiver interesse, pode ligar ou mandar notícia através de e-mail que terei a maior satisfação em poder receber essas comunicações, críticas ou qualquer interesse que possa ter com relação ao meu trabalho.

ZONA SUL – Quais suas apresentações mais importantes fora de Roraima?
HALISSON – Ao longo desses 15 anos, sempre procurei sair do meu estado para divulgar o trabalho que faço. Graças a Deus, em todos os lugares aonde cheguei fui bem recebido. Posso destacar, por exemplo, minha participação, ano passado, no I Seminário Cultural da Amazônia, em Belém (PA). Neste evento, artistas de toda a região se reuniram para discutir a política cultural amazônica. Cada um informando sobre a política cultural do seu estado. Também em 2004 participei do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS). Gosto desse tipo de evento, de poder divulgar e levar o nome de Roraima para outros centros. Adoro buscar oportunidade para me fazer conhecer e interagir com músicos de outras regiões. Este ano, agora recentemente, estive em São Paulo, onde participei do Salão de Turismo promovido pelo governo federal. Mantive-me lá, além dos dias do evento, divulgando meu trabalho e estabelecendo alguns contatos. Vim para Brasília aproveitar que esse eixo (Brasília – Rio de Janeiro – São Paulo) é muito acessível. Complicado, o difícil mesmo, foi sair da minha região.

ZONA SUL – Por que foi tão difícil conseguir viabilizar essa vinda?
HALISSON – Na verdade, a situação geográfica é o fator que mais prejudica o artista da região Norte, quando ele tem a pretensão de alcançar o Brasil e de fazer sucesso no restante do país. Porém, a ponte aérea existe, graças a Deus. Consegui apoio lá de alguns amigos políticos. Temos que nos pegar com esse meio, pois nele têm pessoas sensíveis à nossa proposta. Graças a isso pude sair do estado. Até para divulgar um trabalho na nossa região não é fácil. De um estado para o outro, muda radicalmente de cultura. A dificuldade talvez seja por ser ainda uma região inóspita. Lá mesmo, para viajar na região, só é possível de avião ou de barco. Por estradas são poucos os lugares que se vai. Do meu estado, estou mais perto do Caribe do que do resto do Brasil. Para chegar a Brasília, tive que vir de avião e não pretendo voltar tão cedo. Pretendo ficar por aqui desenvolvendo meu trabalho e aproveitando oportunidades maravilhosas como essa que o Zona Sul me proporciona.

ZONA SUL – O que você diria para convencer alguém a ir conhecer Roraima?
HALISSON – Para quem quer curtir, temos uma situação geográfica privilegiada. Estamos mais perto de Miami e do Caribe, do que o resto do Brasil. Nosso país, infelizmente, ainda desconhece a Amazônia. Eu convidaria todos a tirar um tempo de sua vida para conhecer essa região. Até porque é uma região muito acolhedora e em pleno desenvolvimento. Está longe da decadência, ao contrário: é uma região em ascensão. Tem tudo por acontecer ainda. Além dos atributos naturais, você pode, de repente, ter oportunidade de ir até a costa da Venezuela. Meu estado faz fronteira com a Venezuela e com a Guiana Inglesa. Na Venezuela, o combustível é barato. De Boa Vista para a fronteira da Venezuela são 300 quilômetros. Chegando na fronteira, você gasta dez reais para encher um tanque de 50 litros. A Venezuela, por ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo, permite que você faça essa viagem a um custo extremamente baixo.

ZONA SUL – E especificamente em Roraima? O que existe de imperdível por lá?
HALISSON – Em Roraima você pode conhecer o lago Caracaranã, que é um espelho de água limpa e maravilhosa. Lá existem praias de areias brancas cercadas por cajueiros nativos. O lago fica a 180 quilômetros de Boa Vista, no município de Normandia. Também pode conhecer o monte Roraima, que com seus 2.772 metros de altitude é um mundo à parte, com estranhas formações rochosas, plantas raras e um ambiente eternamente entre nuvens. Chegar ao cume exige dois dias de caminhada dura, mas que vale a pena. O monte faz fronteira tríplice entre Brasil, Venezuela e Guiana Inglesa. Essa viagem, já por si só, é maravilhosa. A região amazônica vale muito a pena, não apenas por seus atributos naturais, mas também pela sua cultura, culinária, influências indígenas e caribenhas, o ritmo... É uma viagem inesquecível. Aconselho e recomendo.

ZONA SUL – Infelizmente, em Natal, dificilmente você escuta músicas de artistas da terra, quando sai pelos bares da cidade. Em Belém é justamente o contrário. E em Boa Vista?
HALISSON – Infelizmente, nesse aspecto, Boa Vista está mais para Natal do que para Belém. O artista local é pouco lembrado. Deparamos-nos com uma mentalidade um tanto medíocre por parte da questão política, principalmente. Avalio que esse seja um problema educativo. A cultura está intrinsecamente ligada à educação. É questão de hábito. Como você pode gostar de um artista que está fora dos eventos populares? Lá no meu estado os maiores compradores de shows são governo e prefeitura. E, normalmente, os artistas da terra que gostam e cantam a região e têm maior orgulho em ser de Roraima e que carregam a cultura nas costas, ficam à margem, ficam marginalizados. Não tem vez nesse tipo de evento. Então, de que forma determinados artistas poderão, de repente, também se profissionalizar se não têm acesso a um cachê? Você sabe que toda e qualquer faculdade se faz com um mínimo de condição básica. Por essas e outras que saí de lá. Não falo com relação à sociedade. Infelizmente a grande massa adere ao movimento populista, que é a mentalidade da maioria dos políticos de lá. Não tem essa questão da valorização do artista da terra, da prata da casa. Pra você ver como esse lance é arcaico, Roraima é o único estado da federação que ainda tem a secretaria de cultura e desportos vinculada. Ou seja, a grana da cultura fica aleatória, fica a mercê. De repente fica sendo usada para outros fins que não a cultura do estado, que não o investimento na valorização dos artistas, na publicação de livros e CDs. Assim como você citou Belém, temos um ótimo exemplo a ser seguindo no estado do Amazonas. Na época em que Alfredo Nascimento, hoje ministro dos Transportes, foi prefeito, ele deu um grande incentivo para os artistas através do projeto Valores da Terra. Esse é um modelo que eu faço questão de elogiar. Costumo até dizer que no dia em que eu ver esse cara eu vou dar um beijo nele, e dar um abraço, porque realmente ele merece o nosso respeito. Acho que todo político que se preza e que realmente tem compromisso com a sociedade, com o futuro dos seus filhos, deve valorizar a cultura. Até porque, são as ações culturais que permanecem para a posteridade. Alfredo Nascimento é um grande exemplo lá ao lado do nosso estado. Porém, em Roraima não temos essa mesma sorte.

ZONA SUL – Alfredo Nascimento é potiguar...
HALISSON – Isso mesmo. Ele é muito querido pelos artistas da região.

ZONA SUL – Deixe um recado para os leitores do Zona Sul.
HALISSON – Quero mandar um grande abraço para o povo de Natal e para todas as pessoas que tiverem a oportunidade de ler essa entrevista. Estamos em busca de despertar maiores interesses e fazer com que cada vez mais pessoas possam conhecer o nosso trabalho. Através dessas obras que estou apresentando, vocês poderão conhecer um pouco mais da nossa região amazônica. E também perceber que lá tem uma musicalidade maravilhosa, que não deixa nada a desejar a nenhuma parte do Brasil. Não desmerecendo lugar algum, quero dizer que nossa região é rica e feliz. Venham à Amazônia para conhecê-la melhor. Também peço que valorizem os artistas independentes e alternativos. Deixo meu abraço a Natal e, se Deus quiser, terei oportunidade de chegar lá um dia e me apresentar e ter a satisfação de conhecer esta cidade bem de pertinho. Obrigado e um grande beijo.

Um comentário:

  1. Parabéns, o Halisson representa muito bem o estado de Roraima, ele tem muito talento e uma linda voz.

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